A escritora Ana Maria Gonçalves, do livro Um defeito de cor, um dos mais importantes romances brasileiros desse século, é a primeira autora confirmada na XII Bienal Internacional do Livro de Pernambuco. Ela conversa com o grupo Leia Mulheres no dia 05/10, sábado, às 17h.
Ana Maria Gonçalves nasceu em Ibiá, Minas Gerais. Publicitária por formação, atuou na área até 2002, em São Paulo.
Em seguida passou a residir na Ilha de Itaparica, onde passou a se dedicar integralmente à literatura e ao multifacetado universo cultural da diáspora africana nas Américas. Sua estreia no romance se dá em 2002, com a publicação de Ao lado e à margem do que sentes por mim .
Em 2006, a autora torna-se conhecida em todo o país com o lançamento de Um defeito de cor. O romance encena em primeira pessoa a trajetória de Kehinde, nascida no Benin (atual Daomé), desde o instante em que é escravizada, aos oito anos, até seu retorno à África, décadas mais tarde, como mulher livre, porém sem o filho, vendido pelo próprio pai a fim de saldar uma dívida de jogo. O livro conquistou o importante Prêmio Casa de Las Américas de 2006 como melhor romance do ano.
Após residir alguns anos em New Orleans, nos Estados Unidos, Ana Maria Gonçalves retornou ao Brasil em 2014, fixando-se novamente em Salvador. Mesmo fora do país, esteve sempre presente e atuante nos debates públicos envolvendo a questão étnica no Brasil.
Dotada de aguçada visão crítica quanto às relações sociais vigentes e solidária com os estratos subalternizados da população, Ana Maria Gonçalves vem participando de inúmeros debates no Brasil e no exterior. Além disso, faz da Internet e das redes sociais um importante meio para trazer a público seus questionamentos em textos marcados por poderosa argumentação. Seu projeto literário não abdica, pois, de a todo instante provocar a reflexão do leitor quanto às condições históricas que levam à permanência da desigualdade, do racismo e de demais formas de discriminação. Entre outros projetos, finaliza no momento romance voltado para o público juvenil, mas com a mesma perspectiva crítica de nossas mazelas sociais que vem se tornando a marca registrada de seus escritos.